Segundo o Guinness Book, Drácula é "o monstro fictício com maior número de aparições diretas e indiretas na mídia". De fato, desde quadrinhos a jogos e até telenovelas, o personagem está presente
numa infinidade de produções, destacando-se o cinema, onde Drácula já foi
personagem de mais de duzentos filmes. Entretanto, a maioria desses filmes
utiliza o personagem de forma “livre”, ou seja, sem preocupação em preservar o
contexto, a ambientação, a época ou os demais personagens do livro de Bram
Stoker.
Porém, mesmo em menor quantidade, existem alguns filmes que se
esforçam por seguir o romance (com maior ou menor nível de fidelidade,
evidentemente). Esta lista reúne dez produções do cinema e da televisão que procuram
manter a atmosfera e o roteiro do clássico de Stoker. Em alguns casos, a
história é bastante fiel ao material original; em outros, o roteiro é apenas
parcialmente inspirado no livro.
1. NOSFERATU: UMA SINFONIA DE HORROR
(Nosferatu: Eine Symphonie Des Grauens, 1922)
Direção: F. W. Murnau
Primeira adaptação de Drácula, já foi comentada AQUI.
Embora não
autorizada e apesar da longínqua data da produção, é um das melhores adaptações
do livro, além de uma das melhores representações do vampiro.
2. DRÁCULA
(Dracula, 1931)
Direção: Tod Browning
Este filme é responsável pela imagem de Drácula que se tornou
icônica na cultura pop: o cabelo “boi lambeu” e a longa capa preta (elementos
não citados no livro) fizeram de Bela Lugosi a primeira representação clássica
do elegante conde para as telas. Essa imagem tem sido adotada pela maioria das
produções posteriores sobre Drácula, de filmes a desenhos animados.
3. HORROR DE DRÁCULA / O VAMPIRO DA NOITE
(Dracula, 1958)
Direção: Terence Fisher
Primeiro filme da longa série de produções da Hammer com
Christopher Lee (tido por muitos como o melhor intérprete do personagem) no
papel de Drácula. Apesar de ter pouca
coisa do livro, é considerado um dos melhores filmes de Drácula e um dos
clássicos de horror dos anos 50.
4. CONDE DRÁCULA
(Count Dracula, 1970)
Direção: Jesús Franco
Neste filme Christopher Lee retorna ao papel que lhe consagrou
como um dos ícones do terror, embora esta produção não tenha nenhum vínculo com
os filmes da Hammer. É um filme independente daquela saga. Aqui o roteiro é
bastante fiel ao livro, se comparado com os filmes daquela produtora.
Particularmente considero esse Drácula a representação mais fiel do vampiro
como descrito no romance (lembraram até do bigode, para diferenciar esse
Drácula dos outros filmes protagonizados por Lee). Outro ponto interessante é a
presença de Klaus Kinski como Renfield; poucos anos mais tarde, Kinski faria o
papel do próprio Drácula no remake de Nosferatu
realizado por Herzog.
5. DRÁCULA: O DEMÔNIO DAS TREVAS
(Bram Stoker's Dracula, 1973)
Direção: Dan Curtis
Este filme é interessante porque reúne dois “peritos” em vampiros:
o diretor Dan Curtis, criador da série/novela Dark shadows, muitíssimo popular nos anos 60, acompanhando os
dramas do vampiro Barnabas Collins e outros seres fantásticos; e o roteirista Richard Matheson, autor de Eu sou a lenda (I am legend), clássico de terror e ficção científica de 1954, que narra um “apocalipse vampiro”
resultante de uma pandemia global. Esta adaptação é a primeira a introduzir no
roteiro a ideia do amor reencarnado de Drácula, inexistente no livro e
posteriormente reciclada de forma mais consistente por Coppola no seu filme dos
anos 90.
6. DRÁCULA
(Count
Dracula, 1977)
Direção: Philip
Saville
Produção da BBC (o que geralmente é sinônimo de qualidade, em se
tratando de clássicos), este filme de aproximadamente 2h30min foi lançado
originalmente como uma minissérie em duas partes. Afora algumas pequenas
alterações (como o fato de Lucy e Mina serem irmãs, e Lucy ser noiva de
Quincey, e não de Arthur), essa adaptação é satisfatoriamente fiel aos pontos
principais do livro. Além disso, essa versão tem o melhor Renfield, na minha
opinião; tanto fisicamente quanto na atuação, Jack Shepherd está impecável.
7. DRÁCULA
(Dracula, 1979)
Direção: John Badhham
Como o filme de 1958, este possui pouca coisa do romance. Aqui a
história já começa com o naufrágio do Demeter (o navio que traz Drácula da
Transilvânia para Londres). A fotografia deste filme é muito interessante, carregada de um tom sombrio e gótico, sobretudo quando se mostra Carfax Abbey (externa ou
internamente). Os efeitos especiais de Drácula escalando paredes e
transformando-se em morcego e lobo também são bons, considerando o orçamento
limitado da produção.
8. NOSFERATU: O VAMPIRO DA NOITE
(Nosferatu: Phantom der nacht, 1979)
Direção: Werner Herzog
Embora seja basicamente um remake do Nosferatu de Murnau, esta
produção tem identidade própria e merece ser conferida, tanto pela atmosfera
sombria e tensa quanto pela atuação magistral de Klaus Kinski como o nefasto
conde Drácula. Diferente da primeira adaptação, implicada com problemas de
direitos autorais não cedidos, quando esta nova versão foi realizada o romance
de Stoker já se encontrava em domínio público, o que possibilitou que os nomes
originais dos personagens do livro fossem mantidos.
9. DRÁCULA DE BRAM STOKER
(Bram Stoker's Dracula, 1992)
Direção: Francis Ford Coppola
Obra-prima de Coppola, vencedora de 3 Oscars, esta adaptação foi bastante influenciada pelos conceitos e atmosfera dos filmes anteriores. O resultado é, na minha opinião, a melhor adaptação de Drácula já realizada até hoje, tanto em termos de fidelidade ao livro quanto nos aspectos técnicos: dos figurinos aos efeitos especiais, tudo é magnífico e contribui para fornecer um espetáculo gótico. Este filme merece um post só para ele.
10. DRÁCULA 3D
(Dracula 3D, 2012)
Direção: Dario Argento
Embora seja a adaptação mais recente desta lista, é também a que apresenta mais problemas: do péssimo CG ao roteiro inconsistente, uma legião dos próprios fãs de Argento considera esta a sua pior obra. Realmente, é difícil defender algum aspecto deste filme. Vale, talvez, pela participação de Rutger Hauer (que já foi vampiro-líder em alguns filmes) como Van Helsing, embora tanto o ator quanto o personagem sejam subestimados nesta produção. Enfim, coloquei este filme aqui apenas para completar os dez.