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[FILME] DEIXA ELA ENTRAR (Låt den rätte komma in, 2008)

quinta-feira, 21 de junho de 2018.


Baseado no best-seller homônimo do sueco John Ajvide Lindqvist, Deixa ela entrar é a primeira adaptação do livro para o cinema, tendo sido posteriormente refilmado na América com o título Deixe-me entrar (Let me in). A trama do filme original, bem como do livro, se passa num subúrbio de Estocolmo, Suécia, portanto essa primeira adaptação é muito mais fiel do que o remake. Aliás, o roteiro é escrito pelo próprio autor do livro, o que lhe confere o máximo de proximidade com o texto do romance.
Dirigido por Tomas Alfredson, Deixa ela entrar foi aclamado pela crítica especializada e rapidamente ganhou status de produção cult, o que, de fato, é um reconhecimento muito merecido. É um filme impactante não apenas pela abordagem original dada ao vampirismo, mas principalmente pela forma como trata de temas perturbadores, como bullying e pedofilia numa trama que apesar de protagonizada por crianças, passa longe de ser infantil ou superficial.
          A história de Deixa ela entrar, contada de maneira crua, acompanha Oskar (Kåre Hedebrant), um garoto de 12 anos constantemente atormentado por práticas de bullying cometidas por um grupo de garotos mais velhos (e aqui o bullying é nível IT, de Stephen King). Oskar acaba conhecendo Eli (Lina Leandersson), uma menina pálida e solitária que se muda para a vizinhança em companhia de um senhor idoso que supostamente é pai dela. Quase simultaneamente uma série de assassinatos bizarros passa a acontecer nas redondezas e as vítimas têm o sangue completamente drenado.
          Na verdade, Eli é um menino que foi sexualmente mutilado há séculos, ficando com aspecto feminino. No livro é detalhado o ritual de castração a que ele é submetido, mas o diretor Alfredson desistiu de incluir essa cena no filme, o que pode dar ao espectador a impressão de que ele preferiu apresentar Eli como uma menina. Contudo, há uma cena de nudez no filme que se observada com atenção (pois é rápida e não gratuita) deixa evidente que Eli está “incompleta”.
          Visualmente, Deixa ela entrar é um filme impecável, com um estilo limpo e cru, que não precisa de  CG em doses cavalares para impressionar, como ocorre nas produções americanas (inclusive no remake que, apesar de razoavelmente bom, tem ares de blockbuster). O filme de Alfredson é mais focado no drama psicológico e na construção da atmosfera gelada, resultando numa história que sabe exatamente onde e quando fazer o sangue jorrar, sem pressa nem mau gosto.

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