Uma multidão enfurecida, armada
com foices e tochas, dirige-se ao castelo de Victor Frankenstein (Samuel West),
que a essa altura vibra de felicidade por ter conseguido dar vida à sua
criatura abominável. Entretanto, a alegria de Victor dura pouco, pois ali está
ninguém menos que Drácula (Richard Roxburgh), que financiou as experiências do
cientista e tem intenções pouco humanitárias para a criatura. O conde vampiro
pretende usar o monstro de Frankenstein como “bateria” para dar vida a sua
numerosa prole de sanguessugas alados em miniatura. Para impedir que este plano
grotesco tenha êxito, entra em cena Van Helsing (Hugh Jackman), um experiente
caçador de monstros incumbido pelo Vaticano de eliminar as ameaças
sobrenaturais que assolam o mundo. Acompanhado do seu fiel escudeiro, frade
Carl (David Wenham), Van Helsing parte para a Transilvânia, onde se reúne a
Anna Valerious (Kate Beckinsale), descendente de uma antiga família amaldiçoada
pela existência de Drácula.
Esta é, em resumo, a trama de Van
Helsing, filme que não é exatamente sobre vampiros, mas que os coloca como
elemento central numa verdadeira salada de referências aos antigos filmes de
monstros da Universal. Aqui há espaço não só para Drácula e Frankenstein, mas
também para lobisomens e até mesmo Jekyll/Hyde do clássico O médico e o
monstro.
Nos quesitos técnicos, Van Helsing
é um filme que não decepciona: fotografia, figurinos, maquiagem e efeitos especiais
são realmente dignos de uma superprodução. O problema, na minha opinião, é que
toda essa beleza visual cobrou um alto preço: história. A direção e roteiro são
de Stephen Sommers, o mesmo responsável pelos dois primeiros filmes da trilogia
A Múmia (1999 e 2001). Porém, considero aqueles filmes muito mais sólidos, originais
e interessantes, principalmente porque as histórias são bem amarradas – o que
eu acho o mais importante em qualquer trama de aventura com elementos de
fantasia.
O roteiro de Van Helsing é frágil
e cheio de furos, desde as motivações de Drácula até a resolução do grande
enigma sobre a localização de seu esconderijo e a forma de destruí-lo. Além
disso, o filme apresenta algumas caracterizações de gosto duvidoso, como o Mr.
Hyde parecendo o incrível Hulk, o Drácula muito afetado e – o único grande erro
do CG – a versão monstruosa dele que aparece no confronto final do filme.
Aquele morcegão ficou mais tosco do que o Escorpião Rei que desperta no fim de
O retorno da Múmia. O próprio Van Helsing não tem nada daquele velhinho
altamente instruído nas ciências ocultas que aparece no livro de Bram Stoker;
contudo, isso é perdoável, já que aqui ele nem se chama Abraham, mas Gabriel,
algo que pode ser considerado uma saída criativa do diretor e roteirista para a
reinvenção do personagem. Seja como for, o fato é que este não é um dos filmes
que apresentam Drácula em sua melhor forma.