Como o título indica, Drácula 2000 traz o imortal
personagem de Bram Stoker para o novo milênio, fazendo-o despertar nos dias
atuais (considerando o ano da produção), em busca de sangue, sexo... e um amor
que é literalmente parte de si. A história se passa entre Londres e Nova
Orleans – cenários clássicos para os vampiros de Stoker e Rice,
respectivamente. O filme começa com a chegada fatídica do Demeter a Londres em
1897; há um avanço para o ano 2000 e acompanhamos um assalto minuciosamente
orquestrado por ladrões hábeis em driblar segurança eletrônica. Eles invadem a
loja de antiguidades de Van Helsing (Christopher Plummer) e encontram um caixão
de prata hermeticamente lacrado e trancafiado num cofre nos subterrâneos da
loja. Acreditando ser onde estão guardados os pertences mais valiosos do
proprietário, eles levam o caixão e acabam inadvertidamente abrindo-o,
libertando – e alimentando – novamente o poderoso vampiro, aqui interpretado
por Gerard Butler. Drácula parte então para a América, movido por uma fixação
pela humana Mary (Justine Waddell), com quem compartilha uma estranha ligação
mental. Cabe a Van Helsing, acompanhado de seu incrédulo assistente Simon
(Jonny Lee Miller) a missão de impedir que o vampiro concretize seus planos.
Apesar de não ser uma adaptação direta, este filme, dirigido
por Patrick Lussier, faz várias referências ao livro Drácula: além da óbvia
presença de Van Helsing – que diz ser descendente do personagem original – sua
loja tem o nome Carfax; Drácula transforma especificamente três mulheres, que
se comportam como suas “noivas”; ele pode se transformar em lobo e morcego; a
mocinha do filme trabalha e mora com uma amiga chamada Lucy e uma das vampiras
é tratada por um certo Dr. Seward. Por sua vez, a perseguição de Drácula a Mary
lembra a fixação apaixonada do personagem por Mina no filme de Coppola (comentado AQUI).
Em relação à mitologia vampírica tratada neste filme,
vemos que os vampiros não têm reflexos, podem escalar paredes, dar grandes saltos,
seduzir, são sensíveis a prata, queimam ao sol e temem crucifixos (a menos que
sejam ateus, como é explicado “na prática”); quanto às formas de matá-los, a
regra da estaca no coração continua válida, mas é preferível a decapitação.
Um ponto original nessa produção é a ideia de
explorar a identidade de Drácula, o que tem o duplo efeito de buscar uma nova
origem para o mito e, consequentemente, uma justificativa para as suas maiores
fraquezas aqui: símbolos cristãos, prata e luz solar. Associar o vampirismo a
uma maldição infligida a um personagem bíblico é uma ideia realmente interessante
e plausível.