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[HQ] MIRZA: A VAMPIRA (2005)

segunda-feira, 16 de julho de 2018.

Mirza é uma personagem criada por Eugênio Colonnese, artista italiano naturalizado brasileiro, um dos mais criativos mestres dos quadrinhos nacionais. Criada na década de 1960, para acompanhar a popularidade das revistas de terror, a personagem obteve bastante sucesso editorial, com suas aventuras repletas de sensualidade e horror sendo constantemente reeditadas.
Antes de falar especificamente sobre as duas histórias contidas em Mirza: A vampira, penso ser importante mencionar os detalhes básicos sobre a origem vampiresca da personagem, a qual não é mostrada nesta edição, mas comentada no material extra situado depois das histórias. Em sua vida humana, Mirza foi Mirela Zamanova (note-se a primeira sílaba de cada nome), sétima filha de uma família nobre que morava na região da Cracóvia no final do século XIX. Tal família acaba indo à falência e sendo amaldiçoada, vindo daí a condição vampírica de Mirela, que depois de sua conversão adota o nome Mirza.
          Na concepção de Colonnese para Mirza, os vampiros possuem as clássicas presas afiadas, temem crucifixos, podem se transformar em morcego, “infectam” as vítimas simplesmente com suas mordidas (não sendo necessário todo aquele ritual de troca de sangue) e podem ser mortos com as famosas estacadas ou punhaladas no coração. Entretanto, diferente da maioria das histórias tradicionais, Mirza pode andar livremente à luz do sol. Em suas histórias, Mirza frequentemente conta com a ajuda de Brooks, um fiel criado corcunda, não vampiro, mas que conhece a “condição” de sua ama. Aliás, na segunda história, “Assunto entre vampiros”, fica bastante evidente a sua lealdade a Mirza.
          Agora, finalmente sobre as histórias: “A noite dos sequestradores”, apresenta uma trama que pode ser considerada bastante corriqueira ao cenário brasileiro, se não fosse pela presença do elemento vampiro: conspirações políticas e atentados à vida de autoridades (neste caso, um prefeito), por motivos passionais e financeiros. Na trama, Mirza descobre um esquema de corrupção contra um prefeito e, como tem um particular apetite por seres humanos abjetos, decide vingar-se dos indivíduos envolvidos e impedir que eles tenham êxito nesse plano. Nessa história, Colonnese introduz um outro personagem célebre, que inclusive inspirou diversas cópias internacionais famosas: O Morto do Pântano, criado como um contraponto a Mirza. Se Mirza é linda, sensual e, vez por outra, age conforme uma espécie de senso moral, o Morto do Pântano é uma criatura vil, repugnante, decrépita e maligna.
         Na segunda história, “Assunto entre vampiros”, Mirza é vítima de duas armadilhas orquestradas por alguém chamado Whig, que é um vampiro “camuflado”. Depois de incitar um casal de ladrões a invadir a mansão de Mirza, Whig arma uma nova emboscada, contando com os sentimentos de revolta e superstição dos aldeões que moram no pequeno povoado próximo à moradia da vampira.
           As duas histórias são curtas, tendo pouco mais de 20 páginas cada uma e o traço de Colonnese é tão dinâmico que parece dar vida fora do papel para seus personagens. É, enfim, uma leitura essencial, tanto para os apreciadores de quadrinhos (sobretudo os nacionais) quanto para aqueles que adoram uma vampira no estilo femme fatale, com pouca roupa, mas muita determinação, do tipo que chuta o pau da barraca e chega "causando": Lady Drácula do mundo moderno.



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