Páginas

[SÉRIE] DRÁCULA (Dracula, 2013)

domingo, 6 de outubro de 2019.
Apesar de se passar no mesmo local e época do romance gótico de Bram Stoker (Londres, no final do século XIX), esta versão de Drácula não é uma adaptação do livro clássico. De maneira similar a Penny Dreadful, esta série criada por Cole Haddon para a NBC utiliza personagens e situações do livro e as reformula para criar algo notavelmente diferente, inclusive invertendo certas perspectivas convencionais da história original.
A trama começa em 1881, com Van Helsing (Thomas Kretschmann) adentrando no túmulo de Drácula (Jonathan Rhys Meyers), na Romênia, onde o vampiro está aprisionado num estado mumificado. Porém, ao invés de destruí-lo, Van Helsing deliberadamente o desperta, com a intenção de se associar a ele na execução de um plano de vingança contra um inimigo em comum. Há um avanço de quinze anos e somos transportados para Londres, onde um “novo rico” americano de nome Alexander Grayson acaba de chegar disposto a causar uma revolução na sociedade e no mercado com seu inovador empreendimento tecnológico. Grayson é ninguém menos que o próprio Drácula, e seus negócios em Londres são apenas parte do seu objetivo principal: destruir a Ordem do Dragão – uma sociedade secreta formada por empresários e outros membros da elite britânica que controlam a economia. Porém, assim como Grayson, a Ordem tem outra função: através dos séculos eles combatem heresias, o que inclui destruir vampiros com uma equipe altamente treinada de caçadores e videntes (pessoas com a habilidade extra-sensorial de localizá-los telepaticamente).
Nesta versão da história, Drácula pode ser considerado, à sua maneira, o “mocinho” da história, ficando para os membros da Ordem do Dragão, principalmente seu líder, Mr. Browning (Ben Miles), o papel dos vilões. Em sua vida humana, Drácula teve sua esposa capturada e queimada como feiticeira pela Ordem, sendo ele também preso, torturado e amaldiçoado, tornando-se o primeiro vampiro. Nesse episódio trágico da vida do personagem, e também pelo fato de a esposa de Drácula ter reencarnado nos dias “atuais” na pele de Mina Murray (Jessica De Gouw), a série lembra o filme de Francis Ford Coppola, assim como a obsessão romântica do vampiro por ela.
Para levar a cabo sua vingança contra aqueles que destruíram sua vida e o tornaram o senhor das trevas, Drácula conta com a ajuda de Van Helsing, que compartilha do mesmo ódio pela Ordem, pois sua família também foi exterminada por eles. Através de seus conhecimentos científicos, Van Helsing desenvolve um procedimento que permite a Drácula andar ao sol, embora por tempo limitado. Assim, ele não só consegue desviar de si as suspeitas de ser um vampiro como também desenvolve um perigoso jogo de sedução e manipulação com Lady Jane (Victoria Smurfit), a melhor caçadora e braço direito de Mr. Browning. A propósito, esta série combina muito bem elementos eróticos e sangrentos; mesmo sendo mais light do que Penny Dreadful, ela explora bem o teor sexual dos personagens (inclusive apresentando momentos homoeróticos) e o horror explícito em cenas intensas onde o sangue jorra com gosto.
Embora tenha sido cancelada após a primeira temporada, a história proposta foi bem contada e o final foi quase totalmente amarrado. Os principais conflitos desenvolvidos foram resolvidos no último episódio (foram 10, no total), alguns personagens tiveram sucesso em seus planos, outros encontraram a morte inevitável, outros tiveram uma guinada no que acreditavam... A última cena deixa uma ponta solta para continuação, mas francamente não acho que precisaria render mais uma temporada; creio que mais dois episódios seriam o bastante para resolver tudo e encerrar definitivamente esse Drácula.


Leia Mais

[QUADRINHOS] INTERVIEW WITH THE VAMPIRE (1991 - 1994)

         Publicada pela Innovation Comics, Interview with the vampire foi a primeira transposição do romance homônimo de Anne Rice para out...