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[FILME] 30 DIAS DE NOITE (30 Days of Night, 2007/2010)

sexta-feira, 15 de junho de 2018.


Dirigido por David Slade (que mais tarde seria o diretor do 3º filme da franquia Crepúsculo, quem diria?), 30 dias de noite é a adaptação do primeiro volume da série de quadrinhos de mesmo nome, de Steve Niles e Ben Templesmith, publicados no Brasil pela Devir. O roteiro do filme toma algumas liberdades notáveis em relação ao material original, mas de modo geral se mantém bastante fiel ao que é proposto na HQ.
O pôster da produção diz tratar-se do “filme de vampiros mais aterrorizante já feito”; eu não acho que chegue a tanto, mas certamente é um filme tenso com momentos assustadores, com potencial para agradar os fãs de vampiros selvagens e violentos, representados sem maneirismos ou sutileza. Aqui não há preocupação em seduzir (até porque a aparência medonha desses vampiros com dentes de tubarão não é nada atraente) e muito menos amar seres humanos; o modus operandi dos sugadores de 30 dias de noite é claro e simples: caçar, atacar, matar. Não há nem sequer uma conversinha para atrair as vítimas, pois, diferente dos quadrinhos, no filme os vampiros têm uma linguagem própria, o que é uma sacada muito inteligente, dando a ideia de que eles de fato não têm nenhum traço de humanidade.
          Em relação à história, simples, mas eficiente, acompanhamos a literal luta pela sobrevivência de um pequeno grupo de pessoas sitiadas e isoladas do resto do mundo numa minúscula cidade do Alasca durante os 30 dias de noite do título, isto é, o período de aproximadamente um mês em que aquela região fica às escuras. Sem luz solar, a cidade de Barrow é território livre para uma horda de vampiros que chega ali para transformar aquele lugar num pesadelo sangrento.
          O que acho mais interessante em 30 dias de noite é a atmosfera gelada, realçada pela ótima fotografia. O contraste do branco da neve com o vermelho do sangue escorrendo e derramado em profusão (em close ou em vista panorâmica) é visualmente marcante.
          O filme tem um desenvolvimento lento na primeira metade, o que pode desagradar aqueles que esperam uma carnificina frenética, mas acredito que esses apressadinhos não terão do que reclamar quando a "introdução" termina e a cidade de fato se transforma num matadouro a céu aberto.




Com a boa aceitação de público e crítica, era só uma questão de tempo até que 30 dias de noite ganhasse uma sequência. David Slade sai de cena e quem assume a direção é Ben Ketai. Se o pôster do anterior afirmava ser o filme de vampiros mais aterrorizante já feito, esse tenta ir além e garantir que “faz Crepúsculo parecer coisa de jardim de infância”. Isso não é muito inteligente porque, convenhamos: a lista de filmes que pode fazer isso com Crepúsculo é imensa. Parcialmente baseado no segundo volume de quadrinhos de Niles e Templesmith, esse novo filme não caiu muito nas graças do público, mas ainda assim vale a conferida pela curiosidade.

Na trama, Stella, sobrevivente do massacre vampiresco do filme anterior, muda-se para Los Angeles, disposta a revelar o horror ocorrido em Barrow e expor a existência dos vampiros, vingando a morte do marido. Apesar de não ser levada a sério pelo público, ela conhece um pequeno grupo de pessoas que não só acreditam nela como também já tiveram terríveis experiências com vampiros. Eles formam uma espécie de “equipe caça-vampiros” e estão à caça de Lilith, a rainha de todos os vampiros, responsável também pelo ataque a Barrow.
          Um ponto negativo nesse filme é a própria ambientação: não há mais a sombria e gelada cidade do Alasca, cuja atmosfera já tinha um poder impactante. Aqui há uma Los Angeles meio nublada que não convence muito, nem traz o desconforto do filme anterior, que intercalava os ataques dos vampiros e as nevascas, combinando o terror e a instabilidade climática. Outro ponto desfavorável foi a escolha de Kiele Sanchez para o papel de Stella, substituindo Melissa George. Kiele apresenta uma Stella muito apática, com quem é difícil se importar (e isso é grave, considerando que ela é a protagonista). 
          Entretanto, nem tudo está perdido: pessoalmente, considerei Lilith (Mia Kirshner) uma personagem muito mais interessante do que Marlow (Danny Huston), do filme original. Se isso é suficiente para salvar o filme do esquecimento (ou do arrependimento de ter assistido a ele), é coisa que vai do gosto de cada um. Para mim, foi o bastante.

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