Dirigido por David Slade (que mais tarde seria o
diretor do 3º filme da franquia Crepúsculo, quem diria?),
30 dias de noite é a adaptação do
primeiro volume da série de quadrinhos de mesmo nome, de Steve Niles e Ben
Templesmith, publicados no Brasil pela Devir.
O roteiro do filme toma algumas liberdades notáveis em relação ao material
original, mas de modo geral se mantém bastante fiel ao que é proposto na HQ.
O pôster da produção diz tratar-se do “filme de vampiros mais aterrorizante já
feito”; eu não acho que chegue a tanto, mas certamente é um filme tenso com
momentos assustadores, com potencial para agradar os fãs de vampiros
selvagens e violentos, representados sem maneirismos ou sutileza. Aqui não há
preocupação em seduzir (até porque a aparência medonha desses vampiros com
dentes de tubarão não é nada atraente) e muito menos amar seres humanos; o modus operandi dos sugadores de 30 dias de noite é claro e simples:
caçar, atacar, matar. Não há nem sequer uma conversinha para atrair as vítimas,
pois, diferente dos quadrinhos, no filme os vampiros têm uma linguagem própria,
o que é uma sacada muito inteligente, dando a ideia de que eles de fato não têm
nenhum traço de humanidade.
Em relação à história, simples, mas eficiente,
acompanhamos a literal luta pela sobrevivência de um pequeno grupo de pessoas
sitiadas e isoladas do resto do mundo numa minúscula cidade do Alasca durante
os 30 dias de noite do título, isto
é, o período de aproximadamente um mês em que aquela região fica às escuras. Sem
luz solar, a cidade de Barrow é território livre para uma horda de vampiros que
chega ali para transformar aquele lugar num pesadelo sangrento.
O que acho mais interessante em 30 dias de noite é a
atmosfera gelada, realçada pela ótima fotografia. O contraste do branco da neve
com o vermelho do sangue escorrendo e derramado em profusão (em close ou em
vista panorâmica) é visualmente marcante.
O filme tem um desenvolvimento lento na primeira metade, o que pode desagradar aqueles que esperam uma carnificina frenética, mas acredito que esses apressadinhos não terão do que reclamar quando a "introdução" termina e a cidade de fato se transforma num matadouro a céu aberto.
Com a boa aceitação de público e crítica, era só uma
questão de tempo até que 30 dias de noite
ganhasse uma sequência. David Slade sai de cena e quem assume a
direção é Ben Ketai. Se o pôster do anterior afirmava ser o filme de vampiros
mais aterrorizante já feito, esse tenta ir além e garantir que “faz Crepúsculo
parecer coisa de jardim de infância”. Isso não é muito inteligente porque,
convenhamos: a lista de filmes que pode fazer isso com Crepúsculo é imensa. Parcialmente baseado no segundo volume de
quadrinhos de Niles e Templesmith, esse novo filme não caiu muito nas graças do
público, mas ainda assim vale a conferida pela curiosidade.
Na trama, Stella, sobrevivente do massacre vampiresco
do filme anterior, muda-se para Los Angeles, disposta a revelar o horror
ocorrido em Barrow e expor a existência dos vampiros, vingando a morte do
marido. Apesar de não ser levada a sério pelo público, ela conhece um pequeno
grupo de pessoas que não só acreditam nela como também já tiveram terríveis
experiências com vampiros. Eles formam uma espécie de “equipe caça-vampiros” e
estão à caça de Lilith, a rainha de todos os vampiros, responsável também pelo
ataque a Barrow.
Um ponto negativo nesse filme é a própria
ambientação: não há mais a sombria e gelada cidade do Alasca, cuja atmosfera já
tinha um poder impactante. Aqui há uma Los Angeles meio nublada que não
convence muito, nem traz o desconforto do filme anterior, que intercalava os
ataques dos vampiros e as nevascas, combinando o terror e a instabilidade climática. Outro ponto desfavorável foi a escolha de
Kiele Sanchez para o papel de Stella, substituindo Melissa George. Kiele
apresenta uma Stella muito apática, com quem é difícil se importar (e isso é
grave, considerando que ela é a protagonista).
Entretanto, nem tudo está
perdido: pessoalmente, considerei Lilith (Mia Kirshner) uma personagem muito
mais interessante do que Marlow (Danny Huston), do filme original. Se isso é
suficiente para salvar o filme do esquecimento (ou do arrependimento de ter
assistido a ele), é coisa que vai do gosto de cada um. Para mim, foi o bastante.
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