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[HQ] 30 DIAS DE NOITE (30 Days of Night, 2002 / 2003)

terça-feira, 29 de maio de 2018.


          [AVISO: O 3º E 4º PARÁGRAFOS CONTÊM SPOILERS; POR ESTA RAZÃO, ESTÃO DESTACADOS EM COR DIFERENTE]

          Como amante de tramas vampirescas, estou sempre vasculhando em busca de novas histórias sobre o tema em diferentes mídias. Há algum tempo, justamente procurando por algo original, assisti a um filme que chamou minha atenção pela violência e selvageria com as quais representava esses seres noturnos: “30 dias de noite”. Os créditos do filme informavam que o mesmo era adaptado de uma HQ e senti a necessidade premente de conhecer a obra gráfica. Mesmo não sendo particularmente fã de quadrinhos, abri algumas exceções e li não apenas a graphic novel que originou o filme de David Slade, mas também a sequência, “Dias sombrios” (que também foi adaptado para o cinema).
          “30 dias de noite” é uma cultuada série de quadrinhos de terror originalmente criada por Steve Niles e desenhada por Ben Templesmith. O título é uma referência à primeira história, que se passa na pequena cidade de Barrow, no Alasca onde, a cada inverno, o sol fica ausente por aproximadamente um mês, deixando a região às escuras durante todo esse tempo. A premissa da série é que uma horda de vampiros aproveita a escuridão para atacar a cidade e dizimar a população, favorecidos pela ausência da luz solar – que pode destruí-los – e pelo isolamento local causado pelo inverno rigoroso, que impossibilita os pedidos de socorro dos habitantes.
          Na primeira história, o xerife de Barrow, Eben Olemaun, sacrifica-se para salvar as poucas pessoas que sobreviveram ao massacre implacável dos vampiros. “Dias sombrios” acompanha uma dessas sobreviventes, Stella (esposa de Eben) após os eventos bárbaros ocorridos em Barrow.
          Determinada a vingar a morte – ainda que heroica – do marido, Stella deixa a cidade devastada e parte para Los Angeles, com o propósito de provar publicamente a existência dos vampiros, exterminando-os com a ajuda de um pequeno grupo de colegas e buscando algum apoio das autoridades que, entretanto, não a levam a sério. Além da dificuldade de levar os vampiros à luz (literal e figurativamente), Stella passa a ser perseguida por Lilith, a “mãe” dos sanguessugas e ainda tem de lidar com algumas descobertas que desestabilizam tudo em que ela acredita.

          O que mais me chama a atenção nos quadrinhos de “30 dias de noite” e “Dias sombrios” é o vínculo sólido que liga as histórias: tudo é muito contínuo e progressivo, razão pela qual achei ambas igualmente ótimas, sem oscilações de qualidade no roteiro quanto a “melhor” ou “pior”.
          Naturalmente, o aspecto visual é outro ponto interessantíssimo (como, aliás, deve ser, em se tratando de HQs): como na história anterior, os quadrinhos exploram os tons sombrios, principalmente cinza, das imagens, contrastando de forma impactante com tons mais carregados de preto e vermelho, que evocam a escuridão e o sangue, respectivamente. É interessante notar que são quadrinhos violentos e que esse jogo de tons escuros, longe de eclipsar essa violência, funciona de forma oposta, dando uma perspectiva underground às imagens.
          Ratificando o que afirmei no início, não sou fã de quadrinhos, portanto meu conhecimento sobre o assunto é bastante limitado. Contudo, a parceria Niles/Templesmith na criação do universo sombrio de “30 dias de noite” me surpreendeu por sua originalidade, de modo que, logo que possível, procurarei outros títulos da série, esperando que mantenha o padrão de qualidade, mesmo com a esporádica troca de roteiristas e ilustradores.


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