Dois amigos decidem fazer um longo tour ao redor do mundo, visitando pontos turísticos dos seis
continentes, a fim de registrar e compartilhar tudo com os seguidores do seu
canal na internet. Entretanto, essa não é a principal motivação da dupla; um
deles – Derek – foi diagnosticado com uma grave e imprevisível doença, uma
espécie de aneurisma, que pode fulminá-lo de uma hora para outra. Assim, essa
viagem pode significar a despedida dele para a vida.
Depois de passar pela Espanha, Derek Lee e Clif Prowse
(verdadeiros nomes dos atores, que também são os roteiristas e diretores)
chegam a Paris, onde, durante uma balada, Derek conhece uma moça com quem espera “se dar bem”. As coisas não saem como o esperado e Clif encontra o amigo machucado
e com estranhas feridas. A princípio eles não dão muita atenção ao ocorrido e
continuam a viagem, mas com o passar dos dias, outros problemas acometem Derek:
ele fica sonolento, intolerante a comida e extremamente sensível à luz solar,
além de passar por uma gradual transformação física.
Infectado é um filme do tipo found
footage, estilo do qual eu não sou particularmente fã; já cheguei,
inclusive, a citar um outro filme nesse molde, O assassino das sombras, presente
na lista 10 filmes de vampiro para morrer antes de ver. Contudo, diferente daquele filme, que é basicamente um cruzamento
pavoroso (no pior sentido) de A bruxa de Blair e O bebê de Rosemary, este Infectado é bem mais plausível dentro do que se propõe. Ao invés de estar
investigando relatos sobrenaturais, os protagonistas aqui se deparam
inesperadamente com o vampirismo, duvidando, no início, que seja isso que está
acontecendo com Derek; há até um momento em que gozam das habilidades
adicionais que ele não adquiriu, como o poder de se transformar em névoa,
comandar animais e precisar de um convite para entrar nas casas.
O conceito de vampirismo apresentado neste filme combina elementos
que lembram Eu sou a lenda (o filme com Will Smith) e até The Strain, na
representação e nas características vampíricas. Não há nada do glamour, sensualidade ou nobreza dos
vampiros modernos ou dos clássicos aristocráticos. Aqui, o vampiro fica selvagem
e incontrolável quando passa muito tempo sem se alimentar, não possui presas,
têm velocidade e força sobre-humanas, consegue escalar e dar grandes saltos com
extrema habilidade. Além disso, seu organismo só aceita sangue humano; sangue
de animais ou qualquer tipo de comida são violentamente expelidos em forma de
vômito.
Um conceito muito interessante, abordado neste filme foi a questão da
imortalidade: o vampirismo é, de fato, uma maldição interminável e o “infectado”
não pode morrer. Derek descobre isso depois de cometer um ato bárbaro e tentar
o suicídio, devido ao remorso (pois ele conserva a consciência de seus atos
depois de realizados). Mais adiante ele percebe que a estaca no coração também
é um mito. A única fraqueza verdadeira é a luz do sol, e ainda assim ela não
provoca aquele “efeito tocha” tão conhecido. Causa, sim, uma dor insuportável,
acompanhada de queimaduras gravíssimas (destaque para os ótimos efeitos
práticos).
Infectado foi muito bem aceito pela crítica, tendo uma boa média
no Rotten Tomatoes e chegando, inclusive, a ganhar alguns prêmios importantes
em festivais dedicados ao gênero. Vale a conferida.