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[FILME] ENTREVISTA COM O VAMPIRO (Interview With the Vampire, 1994)

terça-feira, 11 de setembro de 2018.


Com roteiro escrito pela própria autora Anne Rice, Entrevista com o vampiro é uma das mais notáveis produções vampirescas lançadas no decorrer dos anos 90, ficando no mesmo patamar do clássico Drácula de Bram Stoker, de Coppola (comentado AQUI). Dirigido por Neil Jordan (que a autora ajudou a escolher por gostar de seu trabalho em A companhia dos lobos), o filme é uma adaptação do primeiro volume da longa série literária conhecida no Brasil como Crônicas Vampirescas.
Protagonizado por Brad Pitt, Tom Cruise e Antonio Banderas, além da então pequena Kirsten Dunst, o filme tem uma legião de fãs que aprovaram a adaptação, mas, inevitavelmente, também conta com um número significativo de leitores menos impressionáveis e mais exigentes da obra de Rice, os quais criticam a produção, em especial pela escolha dos atores. Isso porque Cruise, Banderas e até Dunst interpretam personagens muito mais jovens do que os atores aparentam; Banderas, principalmente, interpreta Armand, um vampiro descrito no livro como um adolescente ruivo. Particularmente, porém, achei a ideia de um Armand com aparência de adulto muito plausível neste filme, porque é mais fácil acreditar na mentira de que ele é o vampiro mais velho que existe (como ele afirma para Louis) aparentando ser mais velho do que Brad Pitt (que interpreta Louis) do que se escolhessem um ator adolescente. Não creio que Banderas pudesse permanecer sendo Armand se, hipoteticamente, os demais livros fossem adaptados para o cinema, mas como filme isolado ele se sai muito bem.
Quanto a Tom Cruise, a própria Rice inicialmente torceu o nariz para a escolha dele para viver Lestat, apelidado nas Crônicas de Príncipe Moleque, devido à sua pouca idade e temperamento inquieto. De fato, Cruise não corresponde à imagem concebida pela escritora para seu personagem mais querido, mas, a despeito disso, considero sua atuação impecável, tão marcante quanto Gary Oldman como Drácula. Cruise apresenta um Lestat hedonista, sensual, ambíguo e por vezes sarcástico que funciona em perfeita sintonia com a atuação mais emotiva de Pitt como o atormentado Louis. Não menos importante é a atuação arrebatadora de Kirsten Dunst como a voluntariosa Claudia, a pequena vampira “filha” de Louis e Lestat.
Em relação à trama, pouco há a ser falado que já não tenha sido abordado especificamente no texto sobre o livro Entrevista com o vampiro. Afora uma ou outra modificação na história original (como as circunstâncias que levaram o Louis humano à depressão e, posteriormente, a conhecer Lestat e a peregrinação de Louis pela Europa antes de chegar a Paris), o roteiro é bastante fiel à obra escrita, o que demonstra o respeito da autora pelos leitores e, mais que isso, o perfeccionismo dela. Juntamente com Jordan, ela procurou preservar o máximo possível dos elementos característicos do livro e do universo criado por ela, como o teor gótico da história e a sensualidade dos vampiros (nesse aspecto, de um tom perceptivelmente homoerótico).  Figurinos, fotografia e direção de arte são fatores que acentuam ainda mais o capricho da obra. Além disso, há ainda os ótimos efeitos especiais práticos, usados com inteligência e sem espalhafato, apenas nos momentos em que são realmente necessários – como na tentativa de assassinato de Lestat cometida por Cláudia. Felizmente, na década de 1990 o cinema ainda não tinha sido invadido pelo preguiçoso e tosco CGI de hoje. A cena que usa mais efeitos é o incêndio do Teatro dos Vampiros, e ainda assim não me pareceu exagerada ou falsa como acontece em qualquer “épico” atualmente. A moderação não deveria ser tão subestimada.

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