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[SÉRIE] DIÁRIOS DE UM VAMPIRO (The Vampire Diaries, 2009 - 2017)

domingo, 21 de outubro de 2018.

Desenvolvida por Julie Plec e Kevin Williamson (roteirista da franquia Pânico), The Vampire Diaries foi ao ar no auge do modismo de Crepúsculo e, seguindo a cartilha das obras de Stephenie Meyer, esta série possui o mesmo apelo ao universo adolescente, além de vários outros pontos em comum. Temos aqui vampiros que não brilham no sol, mas que também são diurnos; há o triângulo amoroso da moda (menina boazinha dividida entre o moço politicamente correto e o bad boy); uma protagonista que passa grande parte do programa com a vulnerabilidade de ser humana, estando o tempo todo em perigo, o que funciona como pretexto para que precise ser salva constantemente pelos “vampiros-heróis”. Convenientemente, tal como em Crepúsculo, essa protagonista tem algo de especial, uma espécie de compensação que justifique sua importância na série e a consequente perseguição que ela sofre pela “elite” dos vampiros; as motivações e os contextos são diferentes, mas a dinâmica é a mesma.
          Fãs mais devotados à produção podem argumentar que, se alguém segue uma fórmula, é Crepúsculo, já que The Vampire Diaries é baseada numa série de livros que começou a ser lançada no início dos anos 90, ou seja, mais de uma década antes de Crepúsculo. Contudo, tal afirmação é apenas parcialmente justificável, pois quem conhece os livros de Lisa Jane Smith sabe que a versão televisiva adota pouquíssimos elementos das obras, preferindo seguir o caminho mais simples adotado por Meyer. Só para citar um exemplo presente no primeiro volume literário (publicado no Brasil como Diários do vampiro: O despertar), a protagonista Elena é loira, arrogante e fútil, mais preocupada em manter seu status de “rainha da escola” do que qualquer outra coisa; totalmente o oposto da Elena da série, que se tornou a típica donzela altruísta, frágil e chorona (nos moldes da Bella).  Nos extras dos DVDs da primeira temporada um dos produtores da série inclusive menciona essa necessidade que eles tiveram de alterar a representação da Elena, para que o público “gostasse” dela. A série também se afasta dos livros ao mudar inexplicavelmente nomes de lugares e pessoas (no livro, a cidade onde se passa a história chama-se Fell’s Church, enquanto na série é Mystic Falls; a família Smallwood do livro é Lockwood na série; a tia Judith da Elena no livro é Jenna na série). Também há vários cortes e alterações nas relações de parentesco e afinidade dos personagens, como o fato de que a Elena do livro tem uma irmã criança, enquanto na série ela tem um irmão adolescente problemático quase da idade dela.
          Dito isso, The Vampire Diaries acompanha o cotidiano da já mencionada cidade fictícia de Mystic Falls, na qual misteriosos eventos passam a acontecer após a chegada (na verdade, retorno) dos irmãos Salvatore. Eles são vampiros de personalidades opostas, unidos por um mesmo amor, trágico e imortal do passado. Stefan (Paul Wesley) é o irmão “bom”, que sofre a maldição de ser um assassino por natureza e martiriza-se com o drama existencial de já ter sido o “Estripador”; em contrapartida, Damon (Ian Somerhalder) é o irmão “mau”, que não vê problema em espalhar morte e diverte-se com sua condição tal como os vampiros de Os garotos perdidos e Quando chega a escuridão – aliás, esses dois filmes são citados na primeira temporada. Sendo tão diferentes, Stefan e Damon se odeiam e o único elo entre eles é Katherine, a criadora que converteu ambos em vampiros há mais de 160 anos. Depois da suposta morte de Katherine, a quem os Salvatore amavam, eles se afastam, guardando ressentimentos até o momento presente, quando conhecem a estudante Elena (Nina Dobrev). Os dois se apaixonam por ela, especialmente devido ao fato de que Elena é fisicamente idêntica a Katherine. Posteriormente é revelado que tal semelhança não é um acaso: Elena é, na verdade, uma doppelgänger (uma espécie de duplicata mística) de Katherine. Isso não é nenhuma discrepância ao universo da série, que apresenta uma grande coleção de seres sobrenaturais, desde os mais comuns, como bruxas e lobisomens, até os mais inusitados, como sereias e o próprio diabo, apresentados ao longo das temporadas.
          A série teve 8 temporadas e até a 5ª girava em torno da relação triangular Elena-Stefan-Damon, bem como as constantes ameaças sobrenaturais que rondam a cidade; a partir da 6ª, o programa passou a seguir um caminho tortuoso, dando mais espaço a personagens que até então ficavam restritos a coadjuvantes pouco desenvolvidos.
          A maioria dos vampiros dessa série sofre a inconveniência da luz solar, mas alguns deles burlam a regra ao utilizar amuletos forjados por bruxas; outros são imunes devido ao privilégio de fazer parte da família Original (aquela que, como o nome evidencia, originou a espécie). Grande parte da mitologia foi descartada: alho, crucifixos, água benta, dormir em caixões, reflexo em espelhos, tudo isso foi desconsiderado e até a dieta exclusiva de sangue foi reformulada (sangue é essencial, mas eles também podem comer comida “normal” e tomar bebidas alcoólicas à vontade). Em compensação, eles podem ser mortos com a clássica estaca e têm uma sensibilidade e fraqueza semelhante à que os vampiros de True Blood (comentada AQUI) têm por prata, mas não por esse metal e sim pela planta chamada verbena.
          Encerrando com uma opinião pessoal, achei The Vampire Diaries uma série interessante até a 4ª temporada, mas deixei de levá-la a sério depois disso, porque, a meu ver, ela cometeu os mesmos erros que True Blood nas últimas temporadas: dissolveu a trama principal, tomou rumos duvidosos e exagerou nas ramificações de tramas e personagens secundários sem importância. Contudo, isso não parece ter desanimado os fãs; tanto é que o programa ganhou dois spin-offs: The Originals, lançada em 2013, e Legacies, atualmente em produção.
                                                                               


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