
Seduzida pelo escritor Paolo (Milo Ventimiglia, de Autópsia de um
crime), a vampira Djuna (Joséphine de La Baume) não resiste à paixão recíproca, entregando-se ao rapaz
depois de muito hesitar e revelar sua natureza condenada, tal como é
representada no título do filme. A partir daí desenvolve-se uma ardente relação
romântica entre eles, com Paolo cedendo à tentação de tornar-se ele também um
vampiro para passar a eternidade com sua amada. Posteriormente, Djuna apresenta
Paolo ao círculo de amigos dela, o qual se compõe basicamente de um grupo de
vampiros “civilizados” supervisionados por Xenia (Anna Mouglalis). Paolo não
encontra dificuldades ao lidar com esses vampiros que são, aliás, muito
receptivos; o problema está na chegada repentina de Mimi (Roxane Mesquida),
irmã de Djuna. Mimi também é uma vampira mas, ao contrário da irmã, que é
culta, discreta e tem algum senso de moralidade, ela é o oposto, revelando-se
perigosa e maligna, disposta a infernizar a vida de Djuna e pôr em risco toda a
comunidade vampírica.
Apesar de bem menos conhecido do que Amantes eternos (Only lovers
left alive), de 2013, Kiss of the damned (com o título nacional genérico O
beijo do vampiro) apresenta muitas similaridades com o filme de Jim Jarmusch,
desde o tom gótico e melancólico que remete ao estilo de Fome de viver (comentado AQUI) até a
trama central do casal de amantes vampiros atormentado pela irmã inconsequente
e indiscreta da protagonista. Porém, particularmente considero Kiss of the
damned mais ágil e menos contemplativo do que Amantes eternos, que achei francamente
arrastado e cansativo, embora seja de fato melhor em termos técnicos.
O vampirismo é tratado aqui numa perspectiva que concilia o
tradicionalismo da mitologia (com vampiros que evocam sensualidade, queimam ao
sol e têm presas) com elementos “modernos”, como o fato de que eles podem
sobreviver ingerindo somente sangue animal (se optarem por esse estilo de vida) e são despojados da maioria dos “superpoderes”
convencionais: eles não hipnotizam, não voam e com certeza não se transformam
em morcegos.
Dirigido por Xan Cassavetes, Kiss of the damned possui alguns
méritos que valem a conferida; a fotografia é muito boa e a trilha sonora é
bastante evolvente, contribuindo para a imersão do espectador naquela atmosfera
de sedução e morte. Além disso, a produção abre espaço para algumas discussões
relevantes no seu contexto, como culpa, redenção e moral.
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