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[SÉRIE] TRUE BLOOD (2008 - 2014)

terça-feira, 7 de agosto de 2018.

Indo direto ao ponto: True Blood é, na minha opinião, a melhor e mais original série de televisão com temática vampiresca surgida durante e depois da fase em que os sanguessugas entraram na moda, graças à popularidade das produções em torno dos livros de Stephenie Meyer – entre 2008 e 2012.  Porém, quem conhece a série já sabe que esta produção da HBO está longe de apresentar uma visão teen melosa e politicamente correta sobre os vampiros. Baseada na série de livros The Southern Vampire Mysteries, de Charlaine Harris, True Blood foi concebida por Alan Ball, já premiado por trabalhos aclamados pela crítica, como o roteiro do filme Beleza americana (American beauty) e a série A sete palmos (Six feet under), também da HBO.
Anne Rice, que é incontestavelmente a maior autora viva especializada em escrever sobre vampiros, já declarou seu entusiasmo em relação a essa série. Nas palavras dela, True Blood é um show “inteligente, satírico e profundamente envolvente. É cheio de humor e, no entanto seus personagens possuem cenas tenras e emocionais. Eu acho que ele prende bastante e é muito divertido de assistir. Obviamente ele tem sexo e violência demais para os mais jovens, mas para a audiência adulta é um desenvolvimento fantástico da mitologia vampírica, colocando os vampiros bem no meio do mundo contemporâneo. Eu adoro a série.”.
No universo apresentado em True Blood os vampiros não “vivem” mais escondidos, como era regra até então na maioria das produções. Graças à invenção de um sangue sintético, criado pelos japoneses, eles decidiram “sair do caixão”, isto é, expor-se à sociedade humana, em busca de direitos civis e de uma organização social e política própria. Esse movimento de sair das sombras e assumir publicamente sua natureza vampírica foi chamado de Grande Revelação e foi organizado pela Autoridade (o coração político do mundo vampiresco).  Através da fundação da Liga dos Vampiros da América, a Autoridade divulga na mídia os interesses dos vampiros por uma pretensa coexistência pacífica com os humanos. Nessa função, a política dos vampiros conta com outras funções administrativas: reis (cada Estado possui um) e xerifes (responsáveis por Áreas, regiões menores nas quais os estados são divididos). Além disso, também há um Magistrado, que fiscaliza as atividades e eventuais crimes dos vampiros nessas Áreas, tendo autonomia para puni-los.
A série começa dois anos depois da Grande Revelação, então a existência dos vampiros já é amplamente reconhecida, embora, até aquele momento, nenhum deles tenha aparecido na pequena cidade de Bon Temps, onde se passa a história. É então que Bill Compton (Stephen Moyer) chega à cidade, sendo rapidamente reconhecido como um vampiro pela protagonista Sookie Stackhouse (Anna Paquin, ganhadora do Globo de Ouro pelo papel). Sookie é uma garçonete com poderes telepáticos que são um tormento para sua vida social, pois ela está sempre com a cabeça repleta das “vozes” dos pensamentos das pessoas à sua volta, captados involuntariamente. Isso faz com que ela seja vista pela população de Bon Temps como uma criatura estranha. Entretanto, ao conhecer Bill, ela se apaixona por ele e descobre que não consegue ler seus pensamentos, assim como de nenhum outro vampiro; isso, longe de deixá-la frustrada, é um atrativo a mais para ela.
Os vampiros de True Blood possuem muitas características típicas da mitologia tradicional: possuem presas retráteis, que são ativadas quando vão se alimentar, quando estão excitados ou quando querem intimidar outro vampiro (ou humano). Eles podem hipnotizar, são fortes, movem-se com velocidade sobre-humana, alguns podem levitar e voar, suas lágrimas são sangue puro, têm alergia a prata e podem ser destruídos com a clássica estaca de madeira (ou outra arma feita desse material). Além disso, a luz solar é fatal para eles, fazendo com que entrem em combustão instantânea, a menos que ingiram antes da exposição um determinado tipo de sangue. E por falar em sangue, o dos vampiros é uma droga ilícita que possui fortes propriedades alucinógenas e afrodisíacas, sendo bastante cobiçado no mercado negro. Ainda falando em sangue, quando um vampiro morre, passa por uma metamorfose grotesca, desmanchando-se numa massa gosmenta de sangue e vísceras; nada daquele efeito “limpinho” de virar pó e evaporar visto em Buffy (comentada AQUI) nem aquele show de faíscas de Blade.
Em compensação, são “imunes” a símbolos religiosos, como crucifixos, o que vai de encontro ao fanatismo obsoleto da Irmandade do Sol (um grupo cristão radical), que prega a intolerância aos vampiros como criaturas condenadas, pecaminosas e satânicas, sem possibilidade de salvação em Deus. Essa questão do fanatismo religioso é explorada em tom de sátira na segunda temporada da série.
A cada temporada outros seres sobrenaturais vão sendo introduzidos na série, em tramas secundárias; alguns, já conhecidos, como lobisomens, fantasmas e bruxas, enquanto outros são bastante inusitados, como uma mênade e um Ifrit. Embora as últimas temporadas tenham desagradado grande parte do público, justamente por dar muito destaque às tramas secundárias e eclipsar o foco nos vampiros, como ocorria nas primeiras, True Blood ainda é uma série essencial a todo fã de tramas sobre os eternos bebedores de sangue: uma mistura de drama, romance, mistério, sátira religiosa, crítica social e política... e ainda consegue ser um soft porn sobrenatural!

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