Eleita pela revista Empire (referência mundial em entretenimento)
como uma das 50 melhores séries de TV de todos os tempos, Buffy, A
Caça-Vampiros foi um dos programas mais marcantes e de maior sucesso do final
dos anos 90 e início da primeira década de 2000. Isso se deveu tanto à
qualidade e consistência do roteiro, que lhe permitiu render 7 temporadas,
quanto pelo pioneirismo em abordar o girl power numa trama que mescla drama
adolescente com ação e fantasia, tendo como alvo o público jovem.
Criada por Joss Whedon (atualmente responsável por um bocado de
filmes de super-heróis), Buffy é uma série derivada do filme homônimo de 1992,
o qual não foi bem recebido nem pela crítica e nem pelo público. Whedon, que
foi o roteirista do filme, decidiu reformular a história em formato de seriado
e assim o programa foi ao ar em 1997 com uma temporada “experimental” de 12
episódios; se também fosse um fiasco, pararia ali. Entretanto, ao contrário do
filme, a série teve uma ótima aceitação, assegurando mais 6 temporadas, cada
uma com 22 episódios, além de uma série derivada: Angel.
A série começa com a chegada de Buffy Summers (Sarah Michelle
Gellar) a Sunnydale, pequena cidade para a qual ela e sua mãe acabam de se
mudar. Ali, Buffy espera ter uma vida normal, mas logo no primeiro episódio tem
que retomar suas funções de Caça-vampiro quando percebe que Sunnydale também é
um covil de vampiros. Além disso, descobre que a região é uma espécie de centro
místico apelidado de “Boca do Inferno”. Isso faz com que a cidade seja
constantemente afligida não apenas por vampiros, mas por vários outros seres
demoníacos, os quais Buffy deve enfrentar, pois apesar do título “caça-vampiros”,
faz parte de suas atribuições livrar a cidade de todas essas ameaças
sobrenaturais. Sob a orientação de Giles (Anthony Stewart Head) e dotada de força,
resistência e reflexos acima do comum, Buffy entrou para a história como uma
das melhores heroínas da TV, além de evidentemente feminista.
Os vampiros em Buffy são basicamente considerados demônios, pois
há um consenso de que eles não possuem alma e, portanto, também não preservam
sua humanidade após a transformação. O fato de que seus rostos se transformam
monstruosamente quando atacam (como em Os Garotos Perdidos) parece confirmar
isso. Em relação a suas características, eles têm intolerância à luz solar,
alho e símbolos religiosos. Também não produzem reflexo e só podem entrar em
casas nas quais forem convidados. Os principais métodos utilizados por Buffy
para executá-los são decapitação ou estacadas no coração, geralmente muito bem
coreografadas. Em todo caso, ao serem mortos, esses vampiros viram poeira
literalmente; nem as roupas sobram.
Os vampiros, propriamente, ocupam as 3 primeiras temporadas da
série, dividindo a trama com outros seres fantásticos; nas demais temporadas a presença deles é mais esporádica. Na primeira temporada há
o Mestre, um poderoso vampiro que planeja libertar-se de sua prisão
subterrânea, a qual foi confinado por uma antiga maldição; na segunda temporada
é introduzido o punk Spike, que durante a maior parte da série será o
arqui-inimigo número 1 de Buffy. Também nessa temporada Buffy tem que lidar com
o lado negro de Angel (David Boreanaz), seu namorado “vampiro bonzinho”, que volta
aos hábitos sanguinários e cruéis da época em que foi criado. A partir da 3ª
temporada os vilões são redefinidos: há o prefeito que planeja se tornar uma
espécie de “demônio-cobra”; uma criatura no estilo monstro de Frankenstein, fruto
de uma operação militar secreta desastrosa; uma deusa que deseja abrir uma
dimensão infernal, trazendo o caos à Terra, etc.
Buffy é uma série riquíssima em termos de fantasia, mas não é
menos interessante na abordagem das situações reais que permeiam o universo
adolescente e sua transição para o mundo adulto. Amor, sexo, escola, trabalho,
família, amizade são temas recorrentes na série, de forma explícita ou alegórica.
Há episódios, inclusive, que abordam questões específicas, como relacionamentos
abusivos e bullying.
Muito mais poderia ser falado acerca dessa série, mas como
pretendo restringir o blog ao vampirismo nas produções, é melhor não me
estender ainda mais por outros caminhos. Para quem tem interesse em se
aprofundar nas temáticas do programa, além dos vampiros, recomendo o livro
Buffy: A Caça-Vampiros e a Filosofia. Composto por uma coletânea de artigos a
respeito de vários aspectos da série, o livro faz parte de uma coleção da
Editora Madras sobre a Filosofia na cultura pop.
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