Entrevista com o vampiro é provavelmente o livro mais famoso de
Anne Rice, motivo pelo qual já foi adaptado na década de 90 para o cinema num
filme de grande sucesso e para quadrinhos (não publicados no Brasil). O diferencial
desta nova adaptação em HQ, lançada no Brasil em 2015, é que desta vez a
história é “filtrada” pela perspectiva de Cláudia, a pequena vampira
eternamente aprisionada em corpo infantil que acompanha Louis e Lestat no
primeiro volume das Crônicas Vampirescas.
Mesmo quem não leu o livro – mas já viu o filme de Neil Jordan – sabe
que Entrevista com o vampiro começa muito antes de Cláudia entrar na história e
continua mesmo após o triste destino dela. Assim sendo, esta adaptação de
Ashley Marie Witter é narrada em 1ª pessoa por Cláudia e acompanha apenas a sua vida
imortal desde o momento de seu “nascimento” até o desfecho no Teatro dos
Vampiros.
O traço de Witter é belíssimo, rebuscado e profundo, transmitindo
a densidade e a atmosfera gótica do livro. Optar pelo tom esmaecido de sépia
foi uma ideia muito acertada, pois produz um efeito de contraste de cor marcante
nas cenas em que há sangue presente. Isso porque afora o sépia, a única cor
predominante é o vermelho vivo do sangue.
A concepção dos personagens foi outro acerto: Lestat, Cláudia,
Armand, Santiago, entre outros, estão bem do modo que eu imaginava ao ler o
livro; só não gostei da representação do Louis: o cabelo e as expressões dele
me pareceram extraídas de mangá, destoando dos traços dos demais personagens.
Contudo, como o visual dos personagens é algo muito subjetivo, esta minha “implicância”
não deve ser levada em conta numa análise mais imparcial da obra.
É claro que, por mais fiel que esta adaptação seja, ela não deve
ser lida como “substituta” para o livro, pois, como foi mencionado, ela aborda
apenas uma fração do livro (aproximadamente 2/3 dele); porém funciona
maravilhosamente como um complemento da obra original, uma nova visão sobre
ela.
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