Embora eu seja
bastante tolerante às inovações que a figura do vampiro sofreu, para se adaptar “aos
novos tempos” e acabar se tornando um modismo adolescente, prefiro a abordagem do vampirismo que se tornou
clássica, herdada da cultura gótica e, neste sentido, “Contos clássicos de
vampiro” é um precioso achado. Contendo narrativas em prosa (e algumas em
verso, no “Apêndice”, no final do livro) de épocas e espaços distintos, a obra
apresenta textos que abrangem os aspectos fundamentais que ajudaram a moldar a
imagem do vampiro convencional, “à moda antiga”, através dos tempos.
Iniciando com uma acurada e detalhada introdução que aborda não apenas a evolução do mito do vampiro desde seus primórdios, mas também as distinções entre o vampirismo folclórico e o literário, o livro começa acertadamente, inclusive evidenciando a influência do tema em diversas mídias. Esse vasto panorama ajuda na compreensão da “imortalidade” dos vampiros na literatura, mesmo nos tempos atuais.
Quanto aos contos propriamente, na maioria deles a imagem construída do vampiro está diretamente ligada ao folclore europeu, segundo o qual o vampiro nada mais é do que um cadáver animado – ou morto-vivo – de alguém amaldiçoado (como assassinos, suicidas ou vítimas de morte violenta), uma espécie de zumbi que retorna “do além” para sugar a vida/alma dos vivos, simbolicamente representada pelo sangue, a essência da vida. Contudo, na transposição desse vampirismo folclórico para a literatura fazia-se necessário dar-lhe uma roupagem gótica e, preferencialmente sofisticada, na maior parte imbuída de um caráter erótico. É o que acontece no conto “O vampiro”, de John Polidori, por exemplo. O vampiro em questão, inspirado na pessoa de Lord Byron, é um ser socialmente educado, belo e sedutor, mas oculta um lado selvagem e sanguinário – um dos moldes mais copiados posteriormente na caracterização do vampiro masculino na literatura.
Entretanto, um fato chamativo é que a maioria dos textos gira em torno do vampirismo feminino, representado de duas formas principais: como os monstros folclóricos (como em “A tumba de Sarah”, onde a vampira possui poderes semelhantes aos do célebre Drácula) e como femme fatale (como em “Porque o sangue é vida”, no qual a vampira atormenta e seduz o protagonista). Ainda em relação a vampirismo feminino, merece destaque o poema “Christabel”, que introduz o erotismo lésbico na literatura vampiresca, mesmo indiretamente, e foi uma base para "Carmilla", de Le Fanu, icônico nessa temática.
Embora os textos sejam de épocas e culturas diferentes, portanto suscetíveis a todo um contexto histórico, o fio tríplice de morte-sangue-sedução os une e deixa o leitor seduzido e ávido por – como bem define Rita Lee em sua música – brindar à morte e fazer amor.
Iniciando com uma acurada e detalhada introdução que aborda não apenas a evolução do mito do vampiro desde seus primórdios, mas também as distinções entre o vampirismo folclórico e o literário, o livro começa acertadamente, inclusive evidenciando a influência do tema em diversas mídias. Esse vasto panorama ajuda na compreensão da “imortalidade” dos vampiros na literatura, mesmo nos tempos atuais.
Quanto aos contos propriamente, na maioria deles a imagem construída do vampiro está diretamente ligada ao folclore europeu, segundo o qual o vampiro nada mais é do que um cadáver animado – ou morto-vivo – de alguém amaldiçoado (como assassinos, suicidas ou vítimas de morte violenta), uma espécie de zumbi que retorna “do além” para sugar a vida/alma dos vivos, simbolicamente representada pelo sangue, a essência da vida. Contudo, na transposição desse vampirismo folclórico para a literatura fazia-se necessário dar-lhe uma roupagem gótica e, preferencialmente sofisticada, na maior parte imbuída de um caráter erótico. É o que acontece no conto “O vampiro”, de John Polidori, por exemplo. O vampiro em questão, inspirado na pessoa de Lord Byron, é um ser socialmente educado, belo e sedutor, mas oculta um lado selvagem e sanguinário – um dos moldes mais copiados posteriormente na caracterização do vampiro masculino na literatura.
Entretanto, um fato chamativo é que a maioria dos textos gira em torno do vampirismo feminino, representado de duas formas principais: como os monstros folclóricos (como em “A tumba de Sarah”, onde a vampira possui poderes semelhantes aos do célebre Drácula) e como femme fatale (como em “Porque o sangue é vida”, no qual a vampira atormenta e seduz o protagonista). Ainda em relação a vampirismo feminino, merece destaque o poema “Christabel”, que introduz o erotismo lésbico na literatura vampiresca, mesmo indiretamente, e foi uma base para "Carmilla", de Le Fanu, icônico nessa temática.
Embora os textos sejam de épocas e culturas diferentes, portanto suscetíveis a todo um contexto histórico, o fio tríplice de morte-sangue-sedução os une e deixa o leitor seduzido e ávido por – como bem define Rita Lee em sua música – brindar à morte e fazer amor.
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