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[FILME] A SOMBRA DO VAMPIRO (Shadow of the Vampire, 2000)

domingo, 17 de junho de 2018.

A sombra do vampiro é um filme que só será devidamente valorizado por aqueles que já assistiram (e gostaram, preferencialmente) do clássico Nosferatu (já comentado AQUI), do diretor alemão F. W. Murnau.  Não se trata de um remake, mas de uma obra de grande riqueza metalinguística que dialoga com o filme de 1922, “reconstruindo” a história daquele filme com a perspectiva dos bastidores.
Dirigido por E. Elias Merhige (responsável pelo estranho Begotten), A sombra do vampiro foi indicado a 2 Oscars, sendo um deles o de melhor ator coadjuvante para Willem Dafoe, que realmente rouba a cena no papel de Max Schreck (o ator que interpretou o Conde Orlok no filme original). Na trama, vemos um inquieto Murnau (John Makovich, também numa atuação magnífica) tendo que lidar com problemas técnicos da equipe envolvida na produção de Nosferatu e tentando controlar as manias e excentricidades de Max Schreck, o ator que ele contrata para protagonizar seu filme. Acontece que Schreck é de fato um vampiro e Murnau não ignora esse “detalhe”; ao contrário, contrata-o sabendo disso, justamente para dar maior autenticidade à atuação dele no filme. A equipe da produção não demora a notar as bizarrices de Shreck, como o fato de ele ficar o tempo todo caracterizado como vampiro, mesmo fora dos horários de gravação, e a forma como ele prefere ficar sempre na penumbra, além da sua perturbação quando há sangue presente. É claro que para todas essas esquisitices Murnau inventa justificativas (como o fato de que Shreck é um profissional rigorosíssimo obcecado pelo perfeccionismo de suas atuações). Dafoe entrega um Nosferatu que não fica devendo ao Schreck original e equilibra momentos de repulsa e horror com maestria. Além da excelente atuação, merece destaque também a ótima e repugnante maquiagem (a outra categoria indicada ao Oscar).
          A atmosfera do filme é sombria e envolvente, a fotografia é competente, a direção é afinada e o roteiro, baseado em especulações e lendas a respeito da história nebulosa do verdadeiro Schreck (a própria palavra schreck significa “susto”), é um primor à parte. Quem gosta da primeira (e não autorizada) adaptação de Drácula, obra-prima do expressionismo alemão, não pode deixar de conferir essa bela e sombria homenagem àquele clássico.

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